Pelo menos cem restaurantes são fechados mensalmente, diz Vigilância Sanitária
Junto com o Procon estadual, órgão municipal já inutilizou mais de 13 toneladas de alimentos impróprios, a maioria, carne, somente este ano
De acordo com o superintendente da Vigilância Sanitária Municipal do Rio, Luiz Carlos Coutinho, só na capital carioca, pelo menos cem restaurantes e lanchonetes têm sido fechados mensalmente (três por dia, em média) para se adequar às exigências da saúde pública.
Mau acondicionamento de carnes é uma das principais irregularidades encontradas por fiscais do Procon em restaurantes do estadoFoto: Bruno de Lima / Agência O Dia
Cerca de 600 multas por mês — ou 20 a cada 24 horas — são emitidas por irregularidades em documentos, má qualidade da comida e higiene de uma forma geral. O Rio possui cerca de seis mil estabelecimentos, contando os bares que também servem refeições.
“Com a aproximação dos Jogos Olímpicos e do Rock in Rio, estamos apertando o cerco. Nossa preocupação também é com os trabalhadores que dependem desse tipo de comércio”, justifica Coutinho, ressaltando que os números atuais representam o dobro de ações em comparação ao que era registrado nhá cinco anos.
Junto com o Procon estadual, a Vigilância Sanitária já inutilizou mais de 13 toneladas de alimentos impróprios, a maioria, carne, somente este ano. No rol das irregularidades, estão a armazenagem de produtos sem data de fabricação ou vencidos, além de muitos quilos de comida estragada.
Segundo o diretor de Fiscalização do Procon-RJ, Fábio Domingos, o órgão recebe todos os dias em torno de 140 denúncias contra restaurantes e lanchonetes pelo Disque 151 ou pelo e-mail cat151@procon.rj.gov.br.
Na página www.procon.rj.gov.br, criamos uma avançada ferramenta de busca, na qual o interessado digita o nome do estabelecimento. Em segundos, aparece na tela o número de ocorrências, com as datas e principais ilegalidades encontradas em cada estabelecimento”, diz.
No site Reclame Aqui, Alila Pereira, que entrou com processo judicial contra o shopping de São João de Meriti, não esconde sua indignação: “Assim que comi o estrogonofe de camarão, passei mal. A comida estava azeda. Foi muito constrangedor, sem contar com o péssimo atendimento”, assegura.
No site, a direção do shopping pediu desculpas à cliente e adiantou que os funcionários foram advertidos. Já a empresária Jane Lima, de Volta Redonda, encontra-se em liberdade desde o dia 17, por força de alvará de soltura concedido pela Justiça.
Número de fiscais é pequeno
Embora o número de lanchonetes e restaurantes que servem refeições cheguem a quase 10 mil unidades no estado, o número de fiscais, entre técnicos e nutricionistas, é irrisório: 15 do Procon e 121 da Vigilância Sanitária Municipal. O equivalente a um fiscal para cada 73 pontos. “É pouco, mas é o que dispomos no momento”, concorda o superintendente da Vigilância Sanitária Municipal do Rio, Luiz Carlos Coutinho. Segundo ele, novos concursos estão previstos para o setor.Para o diretor de Fiscalização do Procon-RJ, Fábio Domingos, o número é reduzido, mas os fiscais são especializados. “São profissionais altamente capacitados, com currículos analisados a dedo, no qual os fiscais não tiveram qualquer envolvimento com corrupção ou extorsão.”
Para monitorar o trabalho dos fiscais, os dois órgãos passaram a filmar as ações nos estabelecimentos visitados. “É uma segurança a mais para os funcionários que fiscalizam e para os próprios empresários”, diz Domingos.
A Delegacia do Consumidor da Polícia Civil informou que só no mês de março apreendeu mais de três toneladas de carne estragada em supermercados e restaurantes da capital e da Baixada. Sete gerentes foram presos.
Comida a quilo requer atenção do consumidor
O Ministério da Saúde, em um guia publicado na internet, ressalta que os restaurantes, especialmente os que vendem comida a quilo, são uma ótima opção, já que o consumidor pode escolher os mais asseados. Mas adverte que o reaproveitamento de alimentos, tornou-se uma prática criminosa e um problema sério em muitos desses locais. A escassez de fiscais e os valores de multas, que chegam, no máximo, a R$ 1,3 mil, seja qual for a irregularidade (exceto reincidências), contribuem para o problema.“Fui jantar quase no fechamento de um restaurante a quilo na Lapa, e furei o céu da boca com um palito de dente quebrado no meio do arroz de forno. O gerente sequer se desculpou”, lembra o contador Josenir Alves, 47.
Mas como, então, o consumidor pode se orientar para, por exemplo, não adquirir uma intoxicação alimentar?
“Além de verificar a limpeza do ambiente, das mesas, paredes, balcões, copos, travessas e pratos, da disponibilização da caderneta de visita periódica de fiscais, e o uniforme dos funcionários, pratos quentes devem estar armazenados a uma temperatura acima de 60 graus. Já pratos frios, como saladas, devem ser ofertados abaixo de 15 graus. A direção do estabelecimento não é obrigada a colocar termômetros à vista, mas o consumidor pode exigir a verificação”, diz Luiz Coutinho, lembrando ainda que denúncias podem ser feitas pelo telefone 1746. Só em março, o serviço recebeu 680 solicitações de fiscalização.
Coutinho revela que no início do ano, a Vigilância Sanitária inspecionou saladas em 50 restaurantes do Centro e da Lapa. “Em 45 encontramos larvas, parasitas e bactérias. Inclusive, resquícios de fezes de cães”, comenta. O Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes oferece cursos de educação alimentar e manipulação de alimentos de graça.
Fonte: http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-04-25/pelo-menos-cem-restaurantes-sao-fechados-mensalmente-diz-vigilancia-sanitaria.html
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